O CONTO MARAVILHOSO NA PSICOPEDAGOGIA

19/11/2013 12:51

RESUMO

 

 

PEREIRA Maria José. O conto maravilhoso na Psicopedagogia. 2009. 55 f. Trabalho de Conclusão de Curso:Psicopedagogia (bacharelado)   Centro Universitário Osasco, 2009.

 

 

O presente trabalho tem como objetivo investigar as possíveis contribuições, atribuídas por psicopedagogos, ao uso do conto maravilhoso no atendimento psicopedagógico bem como colocar em relevo a importância deles para a prática clínica psicopedagógica. Ele se fundamenta a partir das contribuições de Bettelheim, Gillig e Gutfreind que aprofundam o conhecimento do tema. Participaram do trabalho cinco psicopedagogos com prática de pelo menos de um ano e egressos de três instituições de ensino superior diferentes. Foi utilizado um questionário com doze questões sobre o tema. Os dados levantados foram tratados a partir de contribuições dos autores que fundamentam o trabalho considerando 3 categorias: 1- faz referencia ao aspecto estrutural do texto, 2- faz referencia à função terapêutica e educativa do conto maravilhoso, 3- faz referencia à preparação prévia do psicopedagogo. Os resultados obtidos sugerem que o psicopedagogo utiliza o conto maravilhoso em sua prática terapêutica educativa. No entanto eles não fazem referencia aos dados estruturais do texto como elemento importante. Sugere o trabalho que o psicopedagogo considera importante o conto maravilhoso como elemento do trabalho clínico.

 

 

Palavras-chave: Contos maravilhosos. Clínica psicopedagógica. Contos na psicopedagogia.

 

PARTE I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

 


1     INTRODUÇÃO

 

 

O objetivo do presente trabalho é investigar as possíveis contribuições da utilização do conto de fadas ou conto maravilhoso no atendimento psicopedagógico. Para tanto, explanaremos a esse respeito o ponto de vista de três teóricos que contribuíram para um melhor entendimento da matéria. A saber: Bettelheim, Gutfreind e Gillig. O conto maravilhoso também vem da tradição oral e mais tarde passa à escrita. Um autor que contribuiu bastante para a compreensão desse tipo de narrativa é Bruno Bettelheim. 

Na atualidade crianças, jovens e adultos estão expostos em tempo integral aos meios de comunicação de massa. Possibilitar às crianças um pouco de magia e reflexão é um árduo caminho a ser percorrido por profissionais da Psicopedagogia.

Nesse sentido, este estudo tem como objetivo levantar as contribuições, atribuídas por psicopedagogos, dos contos maravilhosos para a clínica psicopedagógica. As respostas serão obtidas da seguinte questão proposta a partir de questionário: De que forma o conto maravilhoso poderá contribuir para o desenvolvimento e bom resultado do trabalho de psicopedagogia?

O conto maravilhoso é uma ferramenta que mobiliza aspectos emocionais como o desejo, o racional, fazendo com que a criança possa sonhar, viajar pelo imaginário e sem dúvida nenhuma, na maioria das vezes, o resultado é sempre positivo na resolução dos conflitos, possibilitando a criança transportar-se para a história e conseguindo com isso resolver situações conflitantes. O Psicopedagogo utiliza o conto como terapia para despertar a curiosidade, dominar a ansiedade, elaboração das angústias e rupturas. (BETTELHEIM: 1980).

É por essas e outras razões, que o fascínio pelos tradicionais contos maravilhosos não perdeu a importância ao longo dos anos. Considerados por muitos profissionais, incluindo psicopedagogo, psicólogo, psicanalistas, o que há de mais significativo e especial, quando se trata de literatura dirigida às crianças e adolescentes, uma importante ferramenta de trabalho.

Seu caráter simbólico, seu potencial representativo e sua linguagem poética são facilmente compreensíveis. Ao mesmo tempo em que se caracterizam como um excelente método para vislumbrar, o território subjetivo, mágico, imensurável, sendo um lado profundamente humano da literatura, possibilita relacionar todos estes elementos com as necessidades e ideologias da vida real de forma menos traumática e menos desgastante para a criança.  Segundo a teoria de Bettelheim, provavelmente são essas características que lhe permeiam transitar o mundo infantil com tanta espontaneidade.

 Os contos maravilhosos trazem conflitos pertinentes à vivência humana que permeiam diversas gerações, bem como trabalham com o conteúdo humano, com aquilo que muitas vezes fica escondido, como, por exemplo, a rivalidade fraterna  as quais falam das perdas, conflitos existenciais, descoberta esta que não acontece da noite para o dia. O herói ou a heroína passam por diversas provas as quais devem ser realizadas por eles mesmos. “A única forma de nos tornarmos nós mesmos é através de nossas próprias realizações” (BETTELHEIM, 2004. p.173). 

Outro mérito dos contos maravilhosos é poder ser utilizado conforme a necessidade de cada criança, por se tratarem de obras abertas e de caráter espacialmente simbólico. Nesse sentido, não podemos encarar somente como instrumento de elaboração de pensamentos, pois também possui uma valiosa dimensão lúdica, sendo esta uma fonte importante de seu potencial terapêutico. Contos maravilhosos são também brinquedos, diversão pura e simples, descansa de realidades fundamentais para que a criança consiga se desenvolver e elaborar. (GUTFREIND: 2003, p.38)

 

 

“Se no adulto, por vezes, preocupa-nos o silêncio excessivo, marca importante de um funcionamento depressivo, o equivalente na criança é sua capacidade de brincar e de inventar e divertir-se sem função ou sentido que não seja prazer” (GUTFREIND: 2003 pp. 64-65).                 

 

 

 O autor diz ainda que, o conto provoca na criança, uma atmosfera sonhadora proveniente de uma narração simples e moderada, igualmente aos estribilhos da canção ou da fábula, que também possuem estribilhos de união e enlacem, mas que em hipótese alguma a prosa desprovida da poesia encantará uma criança. (BETTELHEIM: 1980.)

 

 

1.1  O conto

 

 

O que é conto? A princípio uma pergunta fácil de ser respondida. Sem pensar muito, pode-se dizer que é uma história ou um fato narrado. Mas sua composição envolve muito mais do que se imagina. A construção desse tipo de narrativa é rica de elementos folclóricos e de manifestações morais. Tecnicamente é uma prosa ficcional, que possui uma narrativa mais curta que um romance ou novela. Em virtude de ter um formato mais compacto, o conto tem como principal característica obter maior intensidade de efeito (BARSA, 1971).

Sosa (1978) abre parêntese e fala um pouco da história natural para melhor exemplificar as formas de necessidade humana de buscar respostas para seus questionamentos, sejam através de desenhos, rituais ou escritos. As tradições primitivas eram conservadas na oralidade, passando de pai para filho, o que ocasionava perda de conteúdo, pois uma vez que tal conteúdo está mercê da memória de outros, falhas certamente ocorriam. Nesse período da humanidade, o primitivo, o homem “começou sua cultura, sua arte, sua religião, querendo explicar a si mesmo o mundo através dos milagres do mito ‘e a arbitrária beleza das teogonias’”. (SOSA: 1978, p. 107) Com efeito, a necessidade de criar formas de expressão passou a ajudar o homem a entender e separar o seu ser da natureza de sua própria alma, o que antes não acontecia. A partir de então, o homem começa a buscar as respostas para explicar a si mesmo e os fenômenos a sua volta, surgindo, assim, o primeiro sentido filosófico e em seguida a narração, “criadora não apenas da mitologia, mas de toda série de lendas...” (SOSA: 1978, p. 108).

O conto popular oral possui forte vínculo com o folclore de cada povo. Esse tipo de manifestação era parte do cotidiano das antigas civilizações, que tinham a tradição de se reunirem após um dia de trabalho para, sob forma de narrativa, contar os feitos do dia acrescidos de elementos imaginários e fantásticos. Assim, a caça, a pesca e os perigos enfrentados durante essas jornadas eram contados (narrados) folcloricamente, permeados de heroísmo e coragem (RAMOS: 1951).

Do ponto de vista de Gillig (1999) os contos de fadas são contos maravilhosos, pelo predomínio não de fadas, mas de situações de contos maravilhosos. Ou seja, o maravilhoso essencial para o equilíbrio da razão é o próprio uso que fazemos do imaginário e diz respeito à magia ou a intervenção divina, dividindo-se em três funções:

a) fantasmagórica: através da realização do herói, trabalhando com sua realidade psíquica, traduz de maneira simbólica as aspirações do homem;

b) estética: quando é vista também como uma obra de arte, patrimônio cultural da humanidade, apresentando a relação homem versus natureza e sua visão de mundo;

c) encantamento: referência ao estado de êxtase a partir da narrativa, onde se passa do cotidiano trivial para o universo do conto.

 

        Ainda sobre o conto popular oral, Gillig (1999) observa que esta modalidade de narrar está com os dias contados. Com o advento da mídia impressa, a sociedade moderna passou a difundir as obras culturais através do livro e da própria mídia, enfraquecendo de forma contundente a tradição oral (GILLIG: 1999). No entanto, isso não significa que a literatura de tradição oral esteja morta e sepultada, pois mesmo que a idéia pareça ultrapassada, sempre haverá um vilarejo ou grupo de pessoas distantes dos grandes centros urbanos dispostas a manter a tradição, o hábito de reuniões vespertinas ou noturnas com intuito de ouvir uma história ou um feito narrado com pompa e estilo.

De acordo com Ramos (1951), a literatura oral, mais especificamente o conto popular oral, impulsionada pela tradição, perpetua-se através do mito, da fábula e do próprio conto. Se por um lado a fábula geralmente está representada por animais e seres inanimados com o objetivo único de exprimir e ilustrar uma verdade moral, por outro lado o conto além de exprimir e ilustrar uma verdade moral como faz a fábula está muito mais próximo de nossa realidade, pois sua essência está voltada para o social e para as questões de civilidade (RAMOS: 1951).

 

 

1.2   O conto maravilhoso

 

 

Pode-se dizer que tanto hoje como no passado, crianças criativas ou mesmo as de compreensão medianas têm possibilidades de abrir apreciação de várias coisas na vida através de contos maravilhosos, que sempre dão algum significado na vida do sujeito.

O conto maravilhoso pode diferir de outros tipos de literaturas, direcionando a criança à descoberta de sua identidade, manifestando uma condição interpretativa de uma vida equilibrada e boa que pode estar ao seu alcance. Além de abrir espaço para a simbolização da criança, possibilita estabelecer laços com o mundo externo, despertando a curiosidade e estimulando a imaginação da criança.

O conto maravilhoso está repleto de espontaneidade dos sentimentos, trabalha os conflitos, bem como os aspectos cognitivos, que servem como momentos de prazer pela leitura e uso terapêutico. Segundo Bettelheim (1980), o conto maravilhoso é terapêutico por possibilitar ao paciente encontrar sua própria solução através de uma significação do que a história sugere implicar sobre conflitos internos em certos momentos de sua vida.     

 

 

1.2.1      O conto maravilhoso e as fábulas

 

 

 Os contos maravilhosos comparados às fábulas apresentam-se em forma de ficção, permitindo à criança viajar pelo mundo da imaginação; uma das características das fábulas é propiciar uma lição de moral.

Para uma criança a ação vem antes da compreensão e isto se torna cada vez mais real à medida que ela vivencia essa ação mais intensamente. Ela pode dizer algo de uma forma diferente com orientação de uma pessoa adulta, mas de maneira geral, a expressão de quem a encara, é tomada de forma direta: se a pessoa chora é por que está triste; a leitura dessa expressão é literal. As crianças não percebem, às vezes, que o choro de outro ser humano não é simplesmente motivado por uma raiva. As pessoas não ferem ou destroem ou ficam caladas só por que estão zangadas; elas apenas conseguem dissimular um sentimento e podem expressá-lo de outra forma.

 Uma criança pode aprender que se pode aplacar o olhar de um adulto, explicando o que aconteceu desta forma: eu fiz isso por que estava bravo - mas não quer dizer que as coisas mudaram. O fato de experimentarem a raiva como raiva, como a pulsão de destruir de machucar, ou mesmo de ficar em total silêncio. Apenas quando entram na puberdade é que começam a ter um reconhecimento das emoções pelo que são sem que reajam sempre em função delas mesmas de imediato, ou mesmo em função de um desejo. Para as crianças os processos infantis inconscientes só se tornam claros através das imagens que falam direto ao seu inconsciente.

Assim, como o pensamento da criança ainda não é totalmente desenvolvido, ela não pensa “quando a mamãe voltar ficarei feliz”, mas sim  “eu darei alguma coisa a ela” da mesma forma quando o gênio falou para si mesmo: “aquele que me soltar eu enriquecerei”.(BETTELHEIM: 1980, p. 38)

Como a criança não consegue pensar “estou com tanta raiva que poderia matar uma pessoa”, mas de fato “quando eu a ver, eu a matarei”, o gênio disse também: “eu matarei quem me soltar”. Supondo que realmente uma pessoa pensaria ou agiria desta forma, a idéia despertaria muita ansiedade para permitir compreensão.

De um modo geral, a criança “sabe” que o gênio só existe na imaginação e por isso ela pode reconhecer o que motivou o gênio à vingança, sem forçosamente fazer esta aplicação direta a si mesma. Enquanto a criança cria, o conto maravilhoso vai perdendo a sua força e vagarosamente se familiariza com a história e com o modo como o gênio replicou a frustração e o aprisionamento, a um passo de um momento importante que é o de se dirigir e de se familiarizar com expectativas próprias a ela mesma. Como um conto maravilhoso provém da terra do nunca que apresenta a criança certas imagens comportamentais, este poderá oscilar em sua mente: “é verdade, é assim que uma pessoa age e reage” e “é tudo mentira, é apenas uma história”; dependendo o quanto esteja preparada para perceber estes processos em si mesma.  O mais importante desse processo, como o conto maravilhoso sempre termina com um final feliz, é que a criança não precisa temer que seu inconsciente se manifeste equiparando-se com o conteúdo da história, por que qualquer que seja o resultado, ela “viverá feliz para sempre”. (BETTELHEIM: 1980, pp. 39- 40).

 

 

1.2.2     O conto maravilhoso e os sonhos

 

 

Há de certa forma diferenças significativas entre contos maravilhosos e os sonhos. Nos sonhos na maioria das vezes a satisfação de desejos é maquiada. De forma bem acentuada, os sonhos são o resultado de pressões interiores que não conseguiram alívio de problemas que bloqueiam uma pessoa, para os quais ele não encontra nenhuma solução e para os quais também os sonhos não encontram nenhuma.  O conto maravilhoso faz o contrário: ele demonstra o alívio de todas as pressões e não só oferece maneiras de resolver os problemas, mas promete resolver “feliz” para eles. (BETTELHEIM: 1980, p. 46)

Não podemos controlar o que acontece em nossos sonhos. Embora nossa censura interior tenha influência no que podemos sonhar, este tipo de controle acontece em um nível de inconsciência.

Os contos maravilhosos por outro lado, na maioria das vezes, resultam do conteúdo comum consciente e inconsciente tendo sido modelado pela mente consciente, não de alguém especial, mas do consenso de várias pessoas a respeito do que consideram problemas humanos universais, e o que aceitam como resultados desejáveis. Se todos estes elementos não estivessem presentes nos contos maravilhosos, eles não seriam recontados passando de gerações a gerações. Somente quando um conto maravilhoso satisfazia as exigências conscientes e inconscientes de várias pessoas ele era recontado muitas e muitas vezes e sempre ouvido com grande interesse.

E nenhum sonho poderia aguçar tanto interesse persistente, a menos que fosse forjado em mito como a história dos sonhos do Faraó que foi interpretada na Bíblia por José. (BETTELHEIM: 1980, p.46)     

 

 

1.2.3     O conto maravilhoso e os mitos

 

 

 Bruno Bettelheim em sua obra “A psicanálise dos contos de fadas”, faz uma reflexão das mais famosas histórias para crianças, arrancando-lhe o seu verdadeiro significado (BETTELHEIM: 1980). Segundo o autor, tudo que aos olhos dos adultos é visto como falsos e irreais, aos olhos de uma criança é a mais pura realidade, para elas há sinergia entre o que pensam e o que o conto representa para elas.

 

 

A diferença entre mito e o conto maravilhoso é esclarecida pelo fato do mito nos dizer diretamente que as duas mulheres falando com Hercules são “O Prazer ocioso” e a “ Virtude”. À semelhança das figuras num conto de fadas, as duas mulheres são as incorporações das tendências internas conflitivas e dos pensamentos do herói.

Nestes mitos as duas são descritas como alternativas, embora esteja implícito que de fato não o são- entre o Prazer ocioso e a Virtude, devemos escolher a ultima. O conto de fadas nunca nos confronta diretamente, ou diz-nos francamente como devemos escolher. Em vez disso, ajuda as crianças a desenvolverem o desejo de uma consciência mais elevada, apelando à nossa imaginação e ao resultado atraente dos acontecimentos, que nos seduz. (BETTELHEIM: 1980)   

 

 

Geralmente há uma concordância dos mitos e contos maravilhosos, ambos falam tanto o conto maravilhoso quanto da linguagem de símbolos representando conteúdos inconscientes e conscientes. Seu apelo é simultâneo à nossa mente consciente e inconsciente nos três aspectos - ID, EGO, SUREGO - e as necessidades de ideais ego também. Por essa razão é muito eficaz; e o que contém os contos maravilhosos, os fenômenos interiores, psicológicos recebem corpo de maneira simbólica.

Para os seguidores de Freud que se preocupam em mostrar que tipo de material contido de outra forma inconsciente está oculto nos mitos e nos contos maravilhosos, e como estes se relacionam aos sonhos e devaneios. (BETTELHEIM: 1980, p. 47)

De acordo com Bettelheim (1980), para Jung, os complexos são os caminhos que permitem chegar ao inconsciente. Portadores de uma carga energética substancial, os complexos como núcleo, o arquétipo e, em torno deste núcleo, vão se concentrando idéias ou pensamentos cheios de afetividade. Estruturam-se como entidades autônomas quando uma parte da psique é cedida por causa de um trauma, um choque emocional ou um conflito moral. Quando totalmente inconscientes, atuam livremente e podem dominar o ego. Geralmente, aquelas situações em que ocorrem alterações da consciência e também comportamento, sem motivo aparente, são manifestações da possessão do complexo sobre o ego.

Jung define o inconsciente coletivo como sendo inatos, de natureza universal, cujos conteúdos comportamentais, sentimentos, pensamentos e lembranças, são os mesmos em todos os seres humanos, compartilhados por toda a humanidade. É como um depósito de imagens latentes, ao que Jung denominou de arquétipos ou imagens primordiais, que são universais e idênticos em todas as pessoas, herdados de seus ancestrais.  O indivíduo, conscientemente não se lembra das imagens, mas tem uma predisposição para reagir ao mundo da mesma forma que seus ancestrais faziam. A predisposição para pensar, entender e agir de determinado modo são inatas, mas serão desenvolvidas e moldadas conforme a experiência de cada um (BETTELHEIM: 1980. p. 47).


 

1.3  Funções do conto maravilhoso

 

 

Os contos de maravilhosos, segundo Bettelheim (1980, p. 32) levam a criança a descobrir sua identidade e comunicação, e sugerem experiências necessárias para desenvolver ainda mais seu caráter. Os contos maravilhosos contam à criança que, apesar dos infortúnios ela terá uma vida boa; isso se não se intimidar pelas batalhas que irá travar. “[...] Estas histórias prometem à criança que, se ela ousar se “engajar” nesta busca atemorizante, os poderes benevolentes virão em sua ajuda, e ela o conseguirá” (BETTELHEIM: 1980. p. 31).

As histórias advertem também que, quem não ousar encontrar sua verdadeira identidade, por receio ou insignificância, terá uma vida monótona, se algo pior não lhes acontecer.

“Como obras de arte, os contos maravilhosos tem muitos aspectos dignos de serem explorados em acréscimo ao significado psicológico e impacto a que o livro está destinado” (BETTELHEIM: 1980. p. 21). A herança cultural de um povo encontra comunicação com a mente infantil através deles. 

 

 

 Esta é exatamente a mensagem que os contos de fadas transmitem à criança de forma múltipla: que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana- mas que se a pessoa não se intimida, mas se defronta de modo firme comas opressões inesperadas e muitas vezes injustas ela dominará todos os obstáculos e, ao fim, emergirá vitoriosa (BETTEIHEIM 1980, p. 14).  

 

 

Para o autor, somente nos contos maravilhosos a criança se confronta com as características essenciais do ser humano. Há neles um dilema existencial tratado de maneira breve e decisiva, permitindo à criança compreender sua essência. Possuem poucos detalhes, de trama simplificada, figuras claras, mais típicas do que únicas. As histórias são ambivalentes como o ser humano é na vida real. Essa polarização que domina os contos maravilhosos, também domina a mente da criança.  

Independente da idade e sexo do herói da história, de acordo com Bettelheim (1980), os contos maravilhosos têm grande significado psicológico para a criança de ambos os sexos e todas as idades. Sua importância pessoal é facilitada pelas mudanças na identificação da criança com os personagens, principalmente pelo fato de lidar com diferentes problemas, um de cada vez.

Um personagem é bom o outro é mau, esperto e tolo, lindo e feio, e assim vai. Esta união de personagens opostos facilita o desenvolvimento da personalidade da criança. As ambigüidades presentes nas figuras reais, e todas as complexidades que caracterizam, e possibilitam que a criança estabeleça uma personalidade relativamente estável na base das identificações positivas. Depois disso, ele terá capacidade de compreender as diferenças entre as pessoas, e a fazer escolhas sobre quem quer ser. (BETTELHEM: 1980, p.16)

As escolhas de seus personagens não são influenciadas pelo certo e pelo errado, mas sim se despertam nela simpatia ou não. A criança escolhe o herói ou a heroína pelo desejo de parecer com ele (a) e pelo apelo positivo que existe.

O mesmo acontece com a presença do bem e do mal. Ao contrário de muitas histórias modernas, ambos estão presentes. Recebem forma em figuras e ações, e não podem ficar de fora, já que tendem a aparecer em todos os homens.

Através dessa dualidade, os problemas de ordem moral são colocados e intimados a uma resolução.

Não é o fato de o malfeitor ser punido no final da história que torna nossa imersão nos contos maravilhosos uma experiência em educação moral, embora isso também se dê. Nestes contos, como na vida, a punição ou o temor dela é apenas um fator limitado de intimidação do crime. A convicção de que o crime não compensa é um meio de intimidação muito mais efetivo, e esta é a razão pela qual nas histórias de fadas a pessoa má sempre perde. Não é o fato de a virtude vencer no final que promove a moralidade, mas de o herói ser mais atraente para a criança que se identifica com ele em todas as suas lutas. Devido a esta identificação a criança imagina que sofre com o herói suas provas e tribulações e triunfa com ele quando a virtude sai vitoriosa. A criança faz identificações por conta própria e as lutas interiores e exteriores do herói imprimem moralidade sobre ela (BETTELHEIM: 1980, p.17)   

Contudo, não se pode precisar qual, nem em que idade ou fase será importante para uma criança um conto em específico; somente a criança poderá revelar ou determinar que conto quer ouvir, à medida que esses falam ao seu consciente e inconsciente.(BETTELHEIM: 1980, p. 15)

 

 

Naturalmente, um pai começara a contar ou ler para seu filho uma estória que ele próprio gostava quando criança, ou ainda gosta. Se a criança não se liga à estória, isto significa que os motivos ou temas aí apresentados falharam ao despertar uma resposta significativa neste momento de sua vida (BETTELHEIM: 1980, p. 26).

 

 

Segundo Bettelheim (1980), o melhor a fazer é contar outra história, até que a resposta seja positiva e confirmada através do “conte outra vez”.

Quando a criança obtiver tudo que necessita da história, ou quando seus problemas forem outros, ela poderá perder o prazer nesta e escolher outra, no que deverá ser atendida.

Porém, mesmo sabendo o motivo do interesse do filho em determinado conto, os pais não devem revelá-lo. “[...] As experiências e reações mais importantes da criança são amplamente subconsciente e devem permanecer assim até que ela alcance uma idade e compreensão mais madura” (BETTELHEIM: 1980. p. 26). Não se deve invadir o seu inconsciente e trazer a tona os pensamentos, de maneira consciente, que a criança gostaria de conservar pré-consciente.

 

 

É exatamente tão importante para o bem-estar da criança sentir que seus pais compartilham suas emoções, divertindo-se como mesmo conto de fadas, quando seus sentimento de que seus pensamentos interiores não são conhecidos por eles até que ela decida revelá-los. Se o pai indica que já os conhece, a criança fica impedida de fazer o presente mais precioso a seu pai, o de compartilhar com ele o que até então era secreto e privado para ela (BETTELHEIM: 1980. pp. 26-27).  

 

 

Além de perder o encantamento da história, explicar porque um conto maravilhoso é tão atraente para a criança perde o poder de ajudá-la a lutar e dominar sozinha o problema que tornou o conto maravilhoso significativo. Ao decifrar para a criança, não se favorece o sentimento de superação e êxito que a criança alcançaria sozinha, através da ruminação da história e por suas repetições de uma situação árdua, penosa. Dessa maneira as crianças encontram sentido na vida e segurança em si mesmas, para resolverem, sozinhas, seus problemas pessoais e interiores. (BETTELHEM: 1980, p.16)              Os contos maravilhosos encontram muitas barreiras para atingir seu objetivo mais completo. Segundo Bettelheim (1980), prevalece a crença dos pais que a criança deve ser exposta somente ao lado agradável da vida, devendo permanecer em sua realidade consciente e supostamente controlável. À criança não é permitido entrar em contato com a sua ansiedade - que é tamanha, a ponto de não conseguir definir nem qualificar, nem com as fantasias raivosas e caóticas que apresentam. Seria desconcertante para um pai reconhecer estas emoções no filho, por isso tende muitas vezes a passar por cima delas. Essas pressões inconscientes profundas não poderiam ser representadas pela criança numa brincadeira, devido ao seu conteúdo potencialmente ser violento e destrutivo, mas estão representadas no mundo simbólico dos contos maravilhosos, através das vitórias dos heróis e da crueldade que os vilões dos contos maravilhosos podem desempenhar. (BETTELHEIM: 1980. p. 32)

Há quem se arrepie só de pensar no Lobo com uma boca enorme engolindo a Vovozinha, ou os pais desnaturados de João e Maria abandonando-os à própria sorte em uma floresta escura. Muitos questionam como criancinhas tão inocentes podem gostar de histórias tão horripilantes? Pode ainda se afirmar que são exatamente esses detalhes horrorosos dos contos maravilhosos que tem maior significado nestas histórias. E, muitas vezes, é por isso que as adaptações moralizantes dos contos maravilhosos ou o temor dos adultos de contar certos trechos quando estão lendo em voz alta podem tirar deles todo o significado que teriam para a criança. Complementando a idéia de maniqueísmo nos contos maravilhosos, Bettelheim afirma que os contos maravilhosos proclamam “uma vida compensadora e boa” que está “ao alcance da pessoa apesar da adversidade – mas apenas se ela não se intimidar com as lutas do destino, sem as quais nunca se adquire verdadeira identidade” (BETTELHEIM: 1980. p. 32)

Os teóricos contemporâneos que estudaram os mitos e contos maravilhosos pela visão da filosofia ou da psicologia chegaram à conclusão, independente de sua crença original. “Mircea Eliade, por exemplo, descreve estas histórias como “modelo para o comportamento humano (que), devido a este mesmo fato, dão significação e valor à vida”. Traçando paralelos antropológicos, ele e outros sugerem que mitos e contos maravilhosos que se derivam de rituais que marcam iniciações ou outros ritos de passagem em que a morte figurada de um adulto e impróprio eu para renascer num plano mais alto de existência. Ele percebe que este é o motivo destes contos maravilhosos terem a necessidade de sentimentos intensos e de transmitirem significado profundamente.

Outro autor que vê a função do conto maravilhoso é Gillig, é que trás em sua teoria a importância dos contos maravilhosos para a Psicopedagogia

Em outras palavras, “a mediação do trabalho psicopedagógico é reconciliar a criança não só consigo mesma, mas também com a escola e suas aprendizagens culturais” (GILLIG: 1999, p. 171). Nesse sentido, o conto maravilhoso vem contribuir para que a prática psicopedagógica possibilite essa sinergia.

Quando trabalhamos com uma população que está envolvida com problemas de afetividade, ou separação de pais e crianças, colocação familiar, nos limita a chamar os trabalhos a respeito nos três aspectos. Mas como o trabalho consiste na utilização terapêutica do conto maravilhoso, é necessário relatar algumas perspectivas. O autor aborda o trabalho na clínica (sintomas, sofrimento, conseqüências, etc.) a abordagem para esses estudos que falam das crianças que sofrem de carências de afetividade (ou pelo menos de um transtorno relacionado à ruptura prolongada do vínculo com os pais) alguns dos aspectos falam a respeito dos objetivos desse trabalho. Em relação aos aspectos clínicos especificamente desta população ao qual se procurou levantar na literatura relativa por esse campo, convém observar a relação das dificuldades dessas crianças ao acesso a simbólico. (GUTFREIND: 2003. p. 38)

 

 

1.4.  O conto maravilhoso na Psicopedagogia

 

           

A Psicopedagogia está, cada vez mais, descobrindo a importância da utilização dos contos maravilhosos no desenvolvimento da aprendizagem

Como mencionado anteriormente os contos maravilhosos ajudam a criança a encontrar sentidos e de certa maneira tem efeito sobre o leitor;  existem efeitos terapêuticos e outros. Sabemos que eles são utilizados em contexto diversos. Para o nosso trabalho interessa o conto maravilhoso na psicopedagogia. Assim vamos nos reportar a que Gillig propõe. A arte de contar história é sem dúvida a maior e melhor forma de expressão utilizada pelas sociedades para revelar-se, inventar-se e até mesmo construir-se diante de uma busca de significados para sua existência. 

 Nesse sentido, Gillig esclarece com perspicácia como, quando e porque essa ferramenta deve ser utilizada na clínica psicopedagógica. Gillig em O Conto na Psicopedagogia cita a mediação do conto maravilhoso que o sujeito usa para conseguir conciliar o personagem que é o herói da história com o objeto de sua busca, pela representação de uma união de casamento, ou pela riqueza, que desde então retornará a realidade cumprindo-se pelas fórmulas e rituais do tipo: “foram felizes para sempre”, para que não haja mais a necessidade de provas de iniciação e por o termo a intervenção do conto maravilhoso. Esta mediação dar-se-á pelo trabalho do psicopedagogo em reconciliar a criança não apenas consigo mesma, mas também em sua aprendizagem escolar e cultural, no final deste percurso que inicia a criança na cultura, o psicopedagogo que está para a criança como a fada madrinha desta mediação passa a ficar de lado para que esta criança afastada possa ter condição de administrar com a ajuda de um professor seus estudos na escola sentindo seguro podendo com isso dispensar em definitivo o seu mediador.

Em sua pesquisa, Gutfreind (2003) realizou terapia em grupo, avaliando o comportamento das crianças em sociedade para assim poder trilhar os rumos de seu trabalho. No decorrer de seu trabalho em abrigos para crianças abandonadas pôde verificar a dimensão da importância da utilização do conto na clínica psicopedagógica, observando o desenvolvimento dessa técnica in loco. Pôde então, analisar as formas como o conto maravilhoso interfere no intelecto da criança e reforça sua identidade infantil. Para o autor da pesquisa, o conto maravilhoso serve de antídoto contra o medo e as aflições sentidas por essas crianças desamparadas pela família.

Os psicopedagogos ao fazer uso dos contos maravilhosos, possibilitam a transformação da história de um sujeito que tem dificuldades de crescer, de encontrar seu objeto de desejo. Quando a conduta de apresentação do conto maravilhoso está bem especificada de maneira que o sujeito consegue entender o objeto de desejo e discernir entre destinador e destinatário, então, analisa as formas como o conto maravilhoso interfere no intelecto da criança e reforça sua identidade infantil. (GILLIG: 1999, p. 52)

Segundo o autor a arte de contar história é sem dúvida a maior e melhor forma de expressão utilizada pelas sociedades para revelar-se, inventar-se e até mesmo construir-se diante de uma busca de significados para sua existência

 O psicopedagogo tem muitas opções de trabalhar com essa ferramenta, conto oral ou escrito, a exemplo do que Gillig apresenta: o conto maravilhoso atinge diretamente o real da criança, que consegue apreender em linguagem acessível o conteúdo do conto. Aquilo que preenche as entrelinhas imperceptíveis aos adultos. Seguindo a linha terapêutica de utilização do conto maravilhoso no tratamento de indivíduos com problemas psíquicos tem em Jean-Marie Gillig, com a publicação “O Conto na Psicopedagogia, (1999)” respaldo para melhor compreender a aplicação desta técnica na clínica psicopedagógica. Mas, antes de adentrar detalhadamente nesta questão, faz-se necessário elencar alguns pontos de relevância da obra do autor.

Nessa etapa, Gillig proporciona ao leitor preparo para adentrar no ponto chave de sua obra: O Conto na Psicopedagogia, mostrando e orientando as etapas que um pedagogo/psicopedagogo deve seguir para utilizar o conto em sua prática profissional. Segundo Gillig, “em primeiro lugar, é importante que o pedagogo/psicopedagogo conheça a teoria e a prática do ‘contar’, buscando a informação que ainda lhe falta” (GILLIG: 1999, p. 84). Em outras palavras, pode-se dizer que para o pedagogo/psicopedagogo fazer uso do conto maravilhoso na clínica psicopedagógica com propriedade, é preciso conhecer a causa literalmente. No entanto, Gillig afirma que o conhecer é trabalhar a assimilação, ler de forma metódica absorvendo a essência para si mesmo de modo a adquirir uma “cultura prévia pessoal do conto”, o que não significa alcançar a erudição, tão pouco ler detalhadamente os trabalhos dos folcloristas. (GILLIG: 1999, p. 23)

 Assim, na opinião do autor, o profissional deverá estudar os contos estruturalmente chegando à assimilação pelas estruturas narrativas. Ao compreender a utilização dessa ferramenta antes de aplicá-la, o psicopedagogo colherá os melhores frutos dessa atividade.

 No entanto, essa assimilação deverá passar por algumas etapas. Uma delas é a aquisição de uma competência narrativa. De acordo com Gillig, esta nunca está acabada e em constante evolução por intermédio do contato com novos textos. Para os indivíduos inseridos nesse panorama a competência narrativa é intuitiva e permite a produção de novos enunciados a partir das regras de funcionamento do texto (GILLIG: 1999 p.105).

 A proposta de Gillig é analisar os contos maravilhosos através de fichas pedagógicas, facilitando a compreensão e análise dos elementos presentes no conto. Análise do conto maravilhoso não está restrita a destrinchar em fichas a estrutura do conto, separando os elementos e refletindo sobre eles isoladamente.

 Em complemento a esta análise, Gillig propõe alguns jogos de criatividade. Com esta ferramenta o profissional de psicopedagogia poderá ampliar sua análise na clínica psicopedagogia. O método proposto pelo autor consiste em introduzir novos elementos narrativos, sem alterar a essência do conto, ou seja, a base, o conteúdo. Para tanto, antes de o profissional aplicar este método, o mesmo deve se certificar que houve absorção e compreensão integral do conto original pelas crianças observadas. A partir da assimilação total da história e da trama estrutural, por parte das crianças, o método poderá ser aplicado sem receio de precipitação.  De acordo com Gillig, “a técnica do brainstorming pode se revelar eficaz. Rodari dá o exemplo de alguns elementos intrusos: em Chapeuzinho Vermelho, dar cinco palavras seguintes: “menina, bosque, flores, lobo, avó”; uma sexta palavra, “helicóptero”....” (GILLIG: 1999, p.118), ao introduzir uma palavra estranha a estrutura da narrativa, a série será quebrada fazendo com que a história desvie do curso evidente, ficando a cargo da imaginação das crianças a nova seqüência narrativa.

 A metodologia de jogos de contos é apresentada por Gillig nas seguintes variantes:

a) contos invertidos: mantém-se a essência narrativa com alteração de alguns elementos que no decorrer da história sofreram alterações de caráter. Por exemplo, na história de Chapeuzinho Vermelho, a menina é boa e o vilão da história é o lobo. Quando utilizamos a técnica de inverter os conceitos das personagens, neste caso, a personagem protagonista passa a ser Chapeuzinho Verde, Azul ou qualquer outra cor e a partir dessa inversão passa a ser a vilã da história enquanto o lobo que era mau vira bom e toma o lugar de “mocinho” no conto;

b) “salada” de contos: elementos e personagens de vários contos são retirados dos contos originais e utilizados em outros contos, promovendo um encontro inusitado entre todos eles.

c) contos demarcados: transposição completa de um conto conhecido para um universo a ser explorado. Nesta técnica a estrutura narrativa é mantida e trabalhada em três tempos;

d) contos em “passagem obrigatória”: neste método a transposição utiliza a passagem obrigatória por outro lugar e outro tempo.

e) contos “cortados”: a técnica consiste em subtrair parte do texto original sem alterar seu sentido.

f) contos em losangos: consiste em estruturar a narrativa no formato de um losango, utilizando a técnica do movimento concretista, em que poetas privilegiavam incorporar a arte às estruturas matemáticas e geométricas.

  

      As variantes para elaboração dos jogos vão muito além das citadas acima. Mesmo fazendo uso dessas técnicas, como todo jogo é fundamental ter regras. E ninguém melhor para criá-las que o profissional inserido no ambiente de aplicação dessa metodologia.

      Trabalhar com o conto puro ou suas variantes na clínica psicopedagógica abre novas vertentes para o tratamento do indivíduo com problemas. O conto é introduzido como ferramenta mediadora entre a criança e a sociedade.

Seguindo a linha de raciocínio de Gillig, a arte nasceu do desejo, que ao fazer uso dos contos maravilhosos está iniciando a criança na cultura.

Em Gillig, o conto maravilhoso em um trabalho psicopedagógico relacional proporciona à criança formalizar seus desejos, e a assimilação deverá passar por competência narrativa e criatividade.

Para o autor, o conto maravilhoso pode ser utilizado como terapêutico, proporcionando à criança exteriorizar suas emoções interditadas pelas regras.

Desse modo, o conto maravilhoso tem o objetivo de dar prazer ao ouvir e dar perspectivas de abrir as portas do imaginário sendo mediador do psicopedagogo na resolução do conflito da criança (GILLIG: 1999, pp. 184-185)

 Gillig traz três níveis de simbolização:

 

a)           O imaginário da criança passa por produções lúdicas que têm apenas poucas relações de caráter cultural.

b)           Um segundo nível simbolização caracteriza o jogo simbólico quando há a intervenção do psicopedagogo e sua ajuda é concebida mais como uma ação mediadora de como uma simples presença física que limita o âmbito no qual se desenrola o jogo da criança.

c)            O terceiro nível da simbolização é atingido quando a criança é capaz de fazer derivar as imagens co que jogava anteriormente de maneira pulsional para representações mais abstratas, por um processo que se chama sublimação e que equivale aqui ao investimento de objetos culturais e cognitivos. (GILLIG: 1999, p.184)

 

 Trabalhar com contos maravilhosos não é para qualquer profissional. É preciso que o profissional privilegie o conto como ferramenta de trabalho, mas não apenas com simples ferramenta na obtenção de bons resultados. Para que a eficácia do conto no tratamento terapêutico tenha sucesso, é preciso que o adulto o aprecie, bem como tenha apreciação da prática de contar histórias. É o que diz Gutfreind em sua publicação O terapeuta e o lobo – a utilização do conto na psicoterapia da criança. (2003)

 Observando o desenvolvimento dessa técnica in loco pode-se, então, analisar as formas como o conto maravilhoso interfere no intelecto da criança e reforça sua identidade infantil. Para o autor da pesquisa, o conto maravilhoso serve de antídoto contra o medo e as aflições sentidas por estas crianças desamparadas pela família.

Qualquer pessoa tem em mente momentos em que a arte se fez presente, e encantou, fazendo-os viajar pelo fantástico e maravilhoso mundo da imaginação. Num passado recente, pessoas sentavam em rodas para ouvir histórias contadas por seus pais, avós, tios e alguns amigos da família, e depois pelos professores. As histórias encantavam e levavam os ouvintes ao para mundos nunca antes imaginados. Para uma viagem sem barreiras, onde tudo é possível! É nessa magia contida nos contos maravilhosos, na arte verbal, naquela que, devido à potência especial de uma linguagem poética, cria um universo semântico autônomo e da nova vida as palavras.

A Psicopedagogia desperta interesse pelo caráter multifuncional exercido por essas obras na vida de crianças e adolescentes pelos seus significados lingüísticos, pelas possibilidades interpretativas possíveis nessa obra.

A função dos contos maravilhosos, segundo Bettelheim, consiste em direcionar as crianças à descoberta da própria identidade, sugerindo experiências que contribuirão para a formação de seu caráter. (BETTELHEIM: 2004, p.32)

De todas as obras literárias significativas na vida da criança a escolha dos contos maravilhosos, considerados por muitos a essência da literatura oral, se deu pela natureza íntima de seu conteúdo e que se fez objeto de interesse e análise de várias áreas do conhecimento como importante instrumento de estimulação do pensar. Há algum tempo a Psicopedagogia clínica vem utilizando essa ferramenta em suas práticas de intervenção, e sem dúvida alguma, vem se revelando uma excelente ponte entre o real e o imaginário, funcionando como ajuda para que o sujeito consiga pensar na sua essência de condição humana e consiga com isso fazer emergir conflitos que de outra forma seriam dolorosas ou mesmo não conseguiriam virem à tona. São muitos os que concordam com o fato de que, para as crianças, esses contos maravilhosos têm valor especial. Através de sua estrutura, onde se encontram personagens, sentimentos, valores e desafios inerentes as exigências infantis, eles possibilitam à criança lidar com suas manifestações mais antigas. Seu caráter simbólico permite a criança utilizar conforme sua necessidade. Por tratar-se de uma obra aberta à subjetividade e que oferece de modo simplificado novas dimensões à imaginação da criança o ser é passível de várias possibilidades interpretativas.  

Ainda seguindo Bettelheim (1980), os adultos têm dificuldade em compreender os efeitos dos contos maravilhosos na realidade infantil. Para os pais, os contos maravilhosos afastam “as crianças da realidade, através de mágicas e de fantasias”. O que os pais não conseguem compreender é que o conceito de realidade para eles está distante do conceito de realidade da criança. O real para estes adultos está ligado ao mundo externo, àquele que circunda. Em contrapartida, o mundo a que se referem os contos maravilhosos é muito mais real para as crianças, é um mundo em que elas podem criar e realizar sua realidade. Um mundo em que são apresentados elementos inerentes ao pensar infantil. (BETTELHEIM: 1980, p 69)

Em um ensaio publicado em 2003 na revista Leitura D.O, intitulado Trocas simbólicas entre Psicanálise e Literatura Infanto-juvenil, Miriam Chinalli aborda, ainda que superficialmente, a questão da realidade adulta e a infantil. Baseada em Freud e citando o mesmo, enfatiza:

 

 

As fantasias dos adultos são menos fáceis de observar do que o brincar das crianças. A criança, é verdade, brinca sozinha ou estabelece um sistema psíquico fechado com outras crianças,com vistas a um jogo, mas mesmo que não brinque em frente dos adultos, não lhes oculta o brinquedo. O adulto, ao contrário,envergonha-se de suas fantasias, escondendo-as das outras pessoas. Acalenta suas fantasias, como seu bem mais intimo e em geral preferiria confessar suas faltas do que confiar a outro a suas fantasias. (FRUD: 1969 apud CHINALLI)     

 

O trecho citado vem de encontro com a idéia de Bettelheim, no sentido de que no mundo real dos adultos não lhes é permitido fantasiar e que as fantasias contidas nos contos de maravilhosos não lhes condiz nenhuma realidade, diferentemente da criança que se expõe e se realiza na fantasia, absorvendo dos contos maravilhosos a essência de sua realidade.

Ao contrário do que pensam os adultos, não uma mistura real e imaginário e as crianças sabem separar ambas as coisas de forma racional, mas dentro de sua perspectiva de mundo real.  Nesse sentido, Bettelheim diz que o conto maravilhoso

 

 

deixa isso bem claro quando situa as histórias na “Terra do nunca”, ou no “Era uma vez um país muito longe....”, ou  “Numa época em que os bichos falavam” evidenciando, assim, que não se trata do aqui, nem do agora da realidade adulta, mas de um território fora do tempo e do espaço. (BETELHEIM: 1980)

 

      

     A idéia de formação de identidade baseado em contos maravilhosos, revela elemento anteriormente mencionado: o maniqueísmo.

    Nos contos maravilhosos ou o personagem é herói ou vilão. Dessa forma os personagens funcionam da mesma maneira que a mente infantil.

Para Bettelheim (1980), o maniqueísmo ajuda o indivíduo a ponderar situações extremas na vida real. Em outras palavras, a composição de personagens simples e diretos, bons e maus, tem mais facilidade de comunicação com o inconsciente.

     Quando Bettelheim (1980) cita o maniqueísmo como parte integrante da construção do caráter e da identidade da criança, quer ir mais além do que representa o conto maravilhoso na vida de um indivíduo. Ao contrário do que se pensa, de que contos são pura e simplesmente diversão e vazios de conteúdo, pois são criados apenas para completar o imaginário da criança, em  A Psicanálise dos contos de fadas, Bettelheim traz à tona o que se esconde por trás do conto maravilhoso. Ou seja, o que está além de pura diversão e alimento de imaginação. Para o psicólogo austríaco o conto maravilhoso é a forma de leitura mais enriquecedora e satisfatória que existe, pois ensina a respeito dos problemas interiores e ao mesmo tempo propõem soluções.

     Além de possuir extrema importância na construção da identidade, o conto maravilhoso também tem sua utilização terapêutica. Na medicina hindu, o conto vai além do que é politicamente correto em termos de formação educacional. Explicado de outra forma, a “suprema importância do conto de fadas para o individuo em crescimento reside em algo mais do que ensinamento sobre as formas corretas de se comportar neste mundo...” (BETTELHEIM: 1980. p. 33). A utilização dos contos maravilhosos no tratamento terapêutico reside na cura para pessoas mentalmente desorientadas. O tratamento consiste em oferecer a estas pessoas um conto maravilhoso com sua problemática, com o intuito de incentivar a meditação sobre si mesmo e o encontro da própria solução “através da contemplação do que a estória parece implicar acerca de seus conflitos internos neste momento da vida”. (BETTELHEIM: 1980, p.33)

Percebendo, assim, o motivo de os contos maravilhosos terem a necessidade de sentimentos de modo intenso e de transmitirem tanto significado profundo. Outros pesquisadores, com orientações psicológica mais extensa destacam as semelhanças entre os grandiosos acontecimentos fantásticos dos mitos e dos contos maravilhosos, dos sonhos e da imaginação dos adultos e realização dos desejos, vencerem todos os que estão competindo, e chegar à destruição dos inimigos - descobrir o que os atrai nesta literatura, o que ela demonstra e normalmente não se permite chegar à consciência.

Por certo, há diferenças de grandes significados entre os contos maravilhosos e sonhos. Por exemplo: nos sonhos a satisfação de desejos é mais freqüente e maquiada, enquanto nos contos maravilhosos é totalmente aberta. Em maior proporção os sonhos são os resultados de pressões interiores que não conseguem encontrar alívio dos problemas que dão bloqueios em uma pessoa, para as quais não conseguem solucionar e para quais os sonhos não encontra nenhuma solução.

Os contos maravilhosos fazem o contrario: ele promove alívio de todas as pressões e não oferece soluções para que possam resolver. (BETTELHEIM: 1980, p. 45-46).

PARTE II – A PESQUISA

 

 

2.    METODOLOGIA

 

 

2.1. Participantes

 

 

Participaram desta pesquisa cinco Psicopedagogos, todos do sexo feminino, que atuam na área há pelo menos um ano. Estes sujeitos são egressos de curso de especialização em Psicopedagogia de diferentes instituições em São Paulo.

 

Psicopedagogos

 Formação inicial

Local da especialização

Tempo de formação

Tempo de atuação

P-1

Direito, especialização em Psicanálise, especialização em psicopedagogia, mestrado em Psicologia Educacional

Fieo, Unifieo,

Unifieo,

Unifieo.

5 anos

2003-2006,

2006-2007,

2007-2009

Atuou pouco tempo não se adaptou,

Atua como psicopedagoga a 2 anos

P-2

Pedagogia

PUC SP.

1992-2009

1993-2009

P-3

Normal, Pedagogia,

Educação Artística,

Pós em Psicopedagogia, Mestrado em Psicologia educacional, Psicopedagogia,  Doutorado em

Psicopedagogia 

Instituto Plínio Rodrigues de Moraes Faculdade de educação Campos Sales, Faculdade de Música Marcelo Tupinambá, Faculdade de Ciências e Letras Pinheirense, Unifieo, Unisa

28 anos

 

 

26 anos

 

 

5 anos

 

 

 2000-2009

 

Secretaria Estadual de Educação

Secretaria Municipal de Educação

 

Escola Particular

 

UNISA, UNIFIEO, INPG,UNIBAN,  ANHANGUERA,UNITALO.

P-4

Assistente Social

Pedagoga

Pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional,

Unisa

 

1993

2008

 

 

1 ano

P-5

Terapia Ocupacional

Pedagogia

Psicopedagogia

USP

USP

Unifieo

23 anos

23 anos

9 anos

Particular

Quadro 1

Fonte: elaboração própria

2.2. Materiais utilizados

 

 

Para levantamento dos dados foi utilizado um questionário sobre a utilização dos contos maravilhosos na clínica psicopedagógica com as seguintes questões: 1- Você utiliza contos maravilhosos em seu trabalho psicopedagógico? 2- Por quê? 3- Como? 4- Com que objetivo? 5- Em que momentos? 6- Que contribuições você acredita que os contos maravilhosos possam trazer à prática do psicopedagogo? 7- Quando utiliza, o conto é lido ou contado? Quando lê, quem faz a leitura? 8- Como é feita a escolha? E por quem? 9- Houve incentivo para a utilização dos contos maravilhosos em sua atuação profissional durante sua formação como psicopedagogo? 10- Conte-me alguma situação significante de sua clínica a partir da utilização dos contos maravilhosos. 11- Quais os temas mais aceitos pelos pacientes? Contos tradicionais ou contemporâneos? 12- Qual o sentido dos contos maravilhosos em sua vida? Ver anexo I. Foi utilizada também a internet para envio e recebimento do questionário.

 

 

2.3. Procedimentos

 

 

Para o procedimento de coleta de dados, foi feito de início um contato pessoal com cada profissional, explicando o objetivo da pesquisa e solicitando a cada um o consentimento para utilização de suas respostas no trabalho. A cada profissional, foi explanado o objetivo e o modo de utilização dos questionários, dando-lhes a garantia de preservação da identidade.

Em seguida foi encaminhado o questionário por email, pedindo que fosse respondido e devolvido da mesma maneira no prazo de uma semana.

A análise dos dados levantados foi feita a partir dos autores que fundamentam este trabalho. Assim, para a análise, foi feito um quadro resumindo as contribuições dos autores que fundamentam o trabalho no qual foram levados em conta os seguintes elementos: 1- Se a resposta dos psicopedagogos faz considerações a respeito da estrutura do conto maravilhoso. Isto significa levar em conta o maniqueísmo presente nos personagens e elementos do conto; a relação com o tempo e o espaço presente nas fórmulas: “Era uma vez...”, “Na época em que os animais falava...”; “Em um país longínquo...”  “Num reino distante...”; o uso de linguagem simbólica. 2- Se faz referência ao conteúdo dos contos maravilhosos e sua função educativa e terapêutica. Este item significa fazer referência aos conteúdos e conflitos – e a possibilidade de expressão e elaboração desses - relativos às questões cruciais do ser humano, questões relativas à identidade; ao relacionamento familiar; ao amor e ao ódio; às questões de vida ou morte. E 3- Se faz consideração à experiência e preparo prévios do psicopedagogo com os contos maravilhosos, isto é: se é feita alguma referência à importância do psicopedagogo conhecer mais detalhadamente o conto, ter competência narrativa; se propõem transformações a partir do conto narrado. Se o psicopedagogo gosta e tem experiências significativas a partir dos contos.

 

 


3.    RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

O Quadro 2 abaixo mostra as respostas dos sujeitos às questões:

 

Questões

Psicopedagogo

A

B

C

D

E

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Função terapêutica e trabalho lúdico, possibilita o desenvolvimento imaginação, realidade interna e externa e consegue sua ressignificação conseguindo pacificar suas emoções.

Dificuldade de aprendizagem.

Comunicação, simbologia conflitos

É usada como ferramenta, terapêutico, angústias  sentimentos.

Elaboração das angústias, e ressignificação na dificuldade de leitura e escrita.

Intervenção a partir do problema apresentado pela criança.

No momento dedicado a leitura.

Introjeta os aspectos conflitivos da história elaborar e aliviar seus próprios conflitos.

Possibilitar o processo de identificação com personagens, projetando-se na trama.

Divisão leitura em texto com o paciente mesmo que ele não saiba ler.

Construção competências percepção a expansão, narcísica fortalecendo.

Leitura prazer de ouvir e, ler histórias.

Terapia, para despertar curiosidade, estimular a imaginação, dominar ansiedade emoções, e fazer com que perceba suas limitações.

Objetivo de possibilitar  espontaneidade sentimentos e elaborar conflitos trabalhar aspectos cognitivos e afetivos.

Possível elaboração de angústias trazidas pelos pacientes, instrumento de intervenção psicopedagógico.

Usa o conto maravilhoso como instrumento de intervenção.

Tem, efeito lúdico, simbólico p/ criança até 6 anos recontar oral, dramatizar, ferramenta útil na psicopedogogia.

 

 

 

 

Entende por meio da leitura de história, pode se recriar um “Espaço Transicional/Potencial”, reencontre , capacidade de restabelecer os laços com o mundo interno, seja com o externo, para que reencontre a capacidade de brincar simbolizar, aprender, pensar, criar.

Não tem nenhum projeto focado em contos.

Terapêutico reflexões desenhos, dramatizações, o desenvolvimento leitura escrita, simbolização, criação,imaginação, atenção,informação, socialização,organização interna, externa, frustrações, soluções, conflitos e reescrever sua própria história,  enriquecimento do vocabulário, sentir prazer, leitura, intervenções desenvolvimento pessoal,preventivo criança superação baixa auto-estima, auxiliar a parte lúdica.

Diálogo, criar a oportunidade de um espaço, articulando três momentos: desconhecimento, conhecimento e desejo.

Elaboração angústias, instrumento intervenção psicopedagógico, a leitura ressignificada nesse processo de intervenção, alegorias.

Os contos maravilhosos no início eram lidos por mim ha partir da iniciativa de uma das crianças em ler, outras também passaram a ler.

Sempre faço do conto maravilhoso, ele também pode ser contado oralmente, esse fato se da por se tratar de crianças que ainda não possuem leitura fluente.

Prefere fazer a leitura do conto maravilhoso, dependendo do objetivo e do momento peço que compartilhem a leitura comigo, respeitando sempre o desejo de ler ou não do paciente.

Depende especificamente da situação no caso de intervenção, eu fiz a leitura.

Sempre faz uso da leitura, entendo como um instrumento de intervenção que pode ser feita pelo psicopedagogo ou pelo paciente eu costumo alternar.

No início eu fazia a escolha, no decorrer das sessões apresentei vários livros e permiti que fizessem a escolha de acordo seus gosto, e a partir de contato e da manipulação de livros levados

Não coloca regras à vezes a escolha é feita por mim ouras vezes pela criança.

Eu escolho o conto maravilhoso de acordo com a necessidade pontual do paciente, também oportunizo a ele a escolha do que gostaria de ouvir, e um ponto interessante que notei que sempre escolhem o conto que mais os aflige.

Faz a escolha com uma análise de anamnese feita com os pais e a história de vida do paciente, bem como as atividades projetivas.

Eu faço a escolha de acordo com os dados colhidos no diagnóstico. Também abro espaço para a escolha do paciente ou do grupo.

Sim, houve incentivo no meu curso de pós-graduação, e o que reforçou mais foi quando participei de um grupo de estudo, onde o foco de minha pesquisa foi histórias e literatura infantil.

Durante minha formação houve um Workshop sobre contos maravilhosos.

Não houve incentivo, nem foi feito nenhum trabalho comigo relacionado a contos maravilhosos.

Sim, houve incentivo apresentando  importância dos contos maravilhosos, como opção de intervenção.

Sim, houve muito incentivo.

10ª

Resultados positivos, o paciente conseguiu através dos contos maravilhosos sair de uma situação de passividade e encontrar seu próprio eu.

Sua experiência foi com o resultado de um recém alfabetizado que soube detalhar minuciosamente o conto maravilhoso depois de escutar a leitura.

Sua experiência é com o desenvolvimento do processo interno de em relação à escrita e a leitura de um grupo de crianças através da narrativa dos contos maravilhosos.

Sua experiência foi através trabalhar o conto maravilhoso com escultura dos personagens em argila, o que possibilitou perceber a dificuldade de seu paciente em explorar e manusear o objeto.

Sua experiência foi com a leitura compartilhada onde no início ninguém queria ler depois de certo tempo se interessaram e não houve mais falta de leitor para os contos maravilhosos.

11ª

Interesse pelos contos que não conheciam.

Crianças menores de seis anos apreciam contos maravilhosos, já os com um pouco mais de idade gostam de contos contemporâneos.

As crianças menores gostam dos clássicos contos maravilhosos, e também de contos que passam na TV, os adultos gostam dos contos maravilhosos, e dos contos que apresentam temas elaborados dentro de suas problemáticas ajudando-os a resolver.

Os pacientes gostam mais dos contos maravilhosos.

As crianças preferem os contos maravilhosos, adolescentes os contos contemporâneos, e os adultos preferem ás história de princesas dos contos maravilhosos.

12ª

Significado, leitura o desejo de ler obter o conhecimento do outro, e importância que ele lhe traz.

O sentido dos contos maravilhosos em minha vida por fazer parte de minha história, e por atribuir significado a crianças.

 

 

O conto maravilhoso traz lembranças da infância, imagens mentais do de fatos do passado, fazer uma viajem por um mundo encantado, suas implicações, memórias guardadas até hoje, um misto de sonho e realidade, história fantasia, desejo alegria.

Passei a ter contato com os contos maravilhosos a partir da maternidade, e foi quando descobri o significado que tem no desenvolvimento infantil.

O conto maravilhoso nos proporciona a possibilidade de sonhar em ser princesa e encontrar o príncipe encantado, nos contos minha maior atração foi Alice no País das Maravilhas, e acompanhei o mesmo processo com minhas filhas que até hoje se encantam com os vestidos das princesas como (Bela Adormecida, Branca de Neve, Cinderela).

Quadro 2

Fonte: Elaboração própria

 

 

Em relação à primeira questão todos os psicopedagogos foram unânimes em responder que utilizam os contos maravilhosos em seus atendimentos clínicos.

Em relação à segunda e à quarta questões os psicopedagogos relacionaram o conto maravilhoso como uso terapêutico, tem como objetivo prender a atenção da criança e do adolescente, despertar curiosidade estimular a imaginação, controlar ansiedades. Facilitação de elaboração de angústias através das simbologias, fazendo transparecer seus conflitos expondo seus sentimentos. A partir do conto maravilhoso a criança pode ter acesso à sua realidade interna e externa, buscando entender acontecimentos de seu passado para resignificação de sua vida.

Em relação à terceira questão os profissionais responderam que as crianças utilizam o conto maravilhoso para se proteger, a partir dos comentários do conto lido consegue relacionar e elaborar os problemas  que as aflige, e estão relacionadas com conteúdos de valores, com a formação da identidade da criança.

Em relação à quinta questão responderam que usam o conto como meio de intervenção, que o conto maravilhoso tem efeito lúdico e simbólico. Utilizam em todos os momentos de seus atendimentos, para eles possui o significado de mobilizar a criança em seu interior.

Em relação à sexta questão, os entrevistados entendem que por meio da leitura do conto maravilhoso pode ser criado um “Espaço Transicional/Potencial” onde a criança tem a possibilidade de restabelecer laços com o mundo interior ou com o externo, para com isso reencontrar a capacidade de brincar, simbolizar, aprender, pensar e criar desenvolvimento da atenção, tem importante papel na socialização da criança, que o ensina a lidar com frustrações, solucionados seus conflitos e reescrevendo sua própria história ajudando  no reconhecimento do mundo e a se reconhecer nele como prevenção auxiliando a criança na superação da baixo auto-estima e da parte lúdica através de jogos e brincadeiras.

Em relação à sétima questão a resposta dos entrevistados foi quase unânime informando que são eles próprios que fazem a leitura uma vez que as crianças encaminhadas para atendimento psicopedagógico sempre apresentam problema em sua aprendizagem.

Em relação à oitava questão as respostas variaram. Alguns dão a possibilidade da criança escolher, outros escolhem de acordo com a problemática apresentada, nesta escolha aparece como a criança lida com as suas dificuldades, quando faz a escolha do conto maravilhoso esta é feita sempre partindo do que mais o aflige.

Em relação à nona questão, os psicopedagogos disseram receber incentivos, e mesmo o que respondeu não ter tido, buscou no conto maravilhoso uma ferramenta para sua prática psicopedagógica.

Em relação à décima questão, todos os psicopedagogos trouxeram experiências, que demonstraram resultados gratificantes tanto para o profissional como para a criança dentro da prática psicopedagógica. Relataram a variedade de atividades que são possíveis de fazer nas sessões psicopedagógicas, o conto maravilhoso como ferramenta de alfabetização, com os personagens de argila para facilitar para a criança explorar e manusear do objeto, leitura compartilhada, referem a preferência das crianças e dos adultos pelos contos maravilhosos, leitura compartilhada desenvolvimento dos processos internos quanto a aquisição da leitura e da escrita.

Em relação à décima primeira questão, os sujeitos entrevistados  relatam experiência de leitura compartilhada, referem a preferência das crianças e dos adultos pelos contos maravilhosos.

Em relação à décima segunda questão quase todos os psicopedagogos responderam que o conto maravilhoso tem significado em suas vidas, que lhes transportam de volta a infância, como se fosse uma viagem no tempo, que o conto lhes possibilita sonhar em ser uma princesa e encontrar um príncipe encantado, ou mesmo encontrar no mundo de Alice no País das Maravilhas, quem não teve estas experiências as adquiriu com a maternidade e só então pode sentir como o conto maravilhoso tem que fazer parte da vida da criança.  

 

A seguir apresento um resumo das respostas dadas pelos psicopedagogos a cada questão do questionário.

 

Para a 1ª questão: VOCE UTILIZA CONTOS MARAVILHOSOS EM SEU TRABALHO PSICOPEDAGOGICO?

 

Os psicopedagogos foram unânimes em responder que fazem uso dos contos maravilhosos em suas clínicas.

 

Para a 2ª questão: POR QUÊ?

 

 Os psicopedagogos responderam acreditar na utilidade dos contos maravilhosos ressaltando que eles promovem o desenvolvimento lúdico e criativo; que o conto auxilia à criança a simbolizar e a falar sobre suas angústias.

 

Para a 3ª questão: COMO?

 

Para os psicopedagogos o conto maravilhoso auxilia a criança na elaboração de seus problemas através da identificação com os personagens. O conto maravilhoso favorece ao aparecimento do “espaço transicional”  que é muito importante para o adolescente, criança ou, o adulto consiga introjetar os aspectos de conflitos das histórias, e com isso conseguirem elaborar e procurar aliviar suas tensões dos próprios conflitos, sem se sentirem invadidas.

 

Para a 4ª questão: COM QUE OBJETIVO?

 

 Todos os entrevistados responderam que usam os contos maravilhosos com o objetivo terapêutico.

 

Para a 5ª questão: EM QUE MOMENTOS?

 

Os profissionais relataram utilizar os contos maravilhosos no momento de fazer intervenção.

 

Para a 6ª questão: QUE CONTRIBUIÇÕES VOCE ACREDITA QUE OS CONTOS MARAVILHOSOS POSSAM TRAZER Á PRÁTICA DO PSICOPEDAGOGO?

 

Os psicopedagogos responderam acreditar que o uso dos contos maravilhosos contribui para o desenvolvimento da aprendizagem da leitura e da escrita; para a simbolização. Para o desenvolvimento pessoal construção de identidade, como terapêutico, que os contos maravilhosos servem como intervenção psicopedagógica.

 

Para a 7ª questão: QUANDO UTILIZA, O CONTO É LIDO OU CONTADO? QUANDO LÊ, QUEM FAZ A LEITURA?  

 

São os profissionais que fazem a leitura, mas possibilitam que as crianças também o façam, e quando conseguem elaborar o conto fazem uma narrativa oral.

 

Para a 8ª questão: COMO É FEITA A ESCOLHA? E POR QUEM?

 

Os profissionais escolhem o conto maravilhoso de acordo com os problemas apresentados no histórico das crianças, em outros casos de acordo com o gosto da criança.

 

Para a 9ª questão: HOUVE INCENTIVO PARA A UTILIZAÇÃO DOS CONTOS MARAVILHOSOS EM SUA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DURANTE SUA FORMAÇÃO COMO PSICOPEDAGOGO?

 

Entre os profissionais que responderam ao questionário alguns foram incentivados no curso de especialização, e outros se formaram há mais tempo e que procurou novas ferramentas para aplicar em suas clínicas, como exemplo os contos maravilhosos.

 

Para a 10ª questão: CONTE-ME ALGUMA SITUAÇÃO SIGNIFICATIVA DE SUA CLÍNICA A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DOS CONTOS MARAVILHOSOS.

 

As respostas dos profissionais foram conforme a experiência de cada um. Abaixo breve resumo dos relatos. As respostas na íntegra estão nos questionários anexos.

 

O sujeito A refere-se ao atendimento com resultados positivos, o paciente conseguiu através dos contos maravilhosos sair de uma situação de passividade e encontrar seu próprio eu.

 

 

O sujeito B relata que sua experiência significativa foi com o resultado de um recém alfabetizado que soube detalhar minuciosamente o conto maravilhoso depois de escutar a leitura.

 

O sujeito C fala que sua experiência significativa com o trabalho desenvolvido com grupo de crianças com problema de leitura e escrita  e com a narrativa do conto maravilhoso possibilitou o desenvolvimento do seu processo interno quanto o da aquisição da leitura e da escrita.

 

O sujeito D sua experiência foi através trabalhar o conto maravilhoso com escultura dos personagens em argila, o que possibilitou perceber a dificuldade de seu paciente em explorar e manusear o objeto.

 

E finalmente o sujeito E relata que sua experiência significativa foi com a leitura compartilhada onde no início ninguém queria ler depois de certo tempo se interessaram e não houve mais falta de leitor para os contos maravilhosos.

 

Para a 11ª. questão: QUAIS OS TEMAS MAIS ACEITOS PELOS PACIENTES? CONTOS TRADICIONAIS OU CONTEMPORÂNEOS?

 

Os profissionais responderam que depende da faixa etária. Os mais jovens gostam dos contos tradicionais, os adolescentes gostam mais dos contos contemporâneos.

 

Para a 12ª. questão: QUAL O SENTIDO DOS CONTOS MARAVILHOSOSEM SUA VIDA?

Os profissionais responderam que os contos maravilhosos sempre fizeram parte de suas histórias de vida, e sabendo do significado que representou a compreensão de sua utilidade terapêutica. 

 

 

  1ª VOCÊ UTILIZA OS CONTOS MARAVILHOSOS EM SEU TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO?

 

 Todos os psicopedagogos responderam sim.

 

2ª POR QUÊ?

 

Para o psicopedagogo (a) conto maravilhoso em função terapêutica é usado como trabalho lúdico, possibilita o desenvolvimento da imaginação, a criança tem acesso a sua realidade interna e externa e consegue sua ressignificação conseguindo pacificar suas emoções.

 

O psicopedagogo (b) fala das importâncias do conto maravilhoso e também de outras leituras dos processos das crianças dificuldade de aprendizagem.   

 

O psicopedagogo (c) fala sobre o conto maravilhoso serve de meio de comunicação, tanto para a crianças, adolescentes e adultos que consegue através da simbologia transparecer seus conflitos e com isso  transformá-los.

 

O psicopedagogo (d) o conto maravilhoso serve como ferramenta de uso terapêutico, permite expressar suas angústias  e  expor seus sentimentos.

 

O psicopedagogo (e) usa também o conto maravilhoso para a elaboração das angútias, e ressiguinificação na dificuldade de leitura e escrita.

 

3ª COMO?

 

Para o psicopedagogo (a) é usado o conto maravilhoso na intervenção a partir do problema apresentado pela criança.

 

O psicopedagogo (b) usa o conto maravilhoso no momento dedicado a leitura.

 

O psicopedagogo (c) utiliza o conto maravilhoso para que os pacientes em atendimento introjete os aspectos conflitivos da história e com isso possa elaborar e aliviar seus próprios conflitos.

 

O psicopedagogo (d) usa o conto maravilhoso para possibilitar o processo de identificação com personagens, projetando-se na trama.

 

O psicopedagogo (e) utiliza o conto maravilhoso dividindo a leitura em texto com o paciente mesmo que ele não saiba ler.

  

4ª COM QUE OBJETIVO?

 

Psicopedagogo (a) faz uso do conto maravilhoso como uma ferramenta que serve como mediador entre o imaginário da criança e a construção de competências escolar, servindo ainda para a percepção a expansão narcísica fortalecendo seu self e abrindo espaço para identificações. 

 

Psicopedagogo (b) tem como objetivo um momento dedicado a leitura dos contos maravilhosos o prazer de ouvir e ler histórias.

 

Psicopedagogo (c) tem como objetivo o uso conto maravilhoso na terapia deve prender a atenção da criança, adolescente e adulto despertar curiosidade, estimular a imaginação, dominar ansiedade emoções, e fazer com que perceba suas limitações.

 

Psicopedagogo (d) usa o conto maravilhoso com o objetivo de possibilitar com espontaneidade sentimentos e elaborar conflitos trabalhar aspectos cognitivos e afetivos.

 

Psicopedagogo (e) o conto maravilhoso serve como uma possível elaboração de angúntias trazidas pelos pacientes, acreditando no conto como instrumento de intervenção psicopedagógico.

 

5ª EM QUE MOMENTO?

 

Psicopedagogo (a) usa o conto maravilhoso como instrumento de intervenção.

 

Psicopedagogo (b) o conto maravilhoso tem efeito lúdico e simbólico para crianças de (até 06 anos) uso recontar oralmente a história e vezes com dramatização de cenas com significados da história.  Acreditando ser uma das ferramentas que podem ser utilizadas na clínica psicopedagógica.

 

Psicopedagogo (c) respondeu que utiliza em todos os momentos.

 

Psicopedagogo (e) é usado como uma avaliação oral de uma reescrita do texto ou do que tenha mobilizado internamente o sujeito.

 

6ª QUE CONTRIBUIÇÕES VOCÊ ACREDITA QUE OS CONTOS MARAVILHOSOS POSSAM TRAZER À PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA?

 

O psicopedagogo (a) entende por meio da leitura de história, pode se recriar um “Espaço Transicional/Potencial”, para que se reencontre a capacidade de restabelecer os laços com o mundo interno, seja com o externo, para que reencontre a capacidade de brincar simbolizar, aprender, pensar, criar. 

 

Psicopedagogo (b) não tem nenhum projeto focado em contos de fadas.

 

Psicopedagogo (c) as contribuições possíveis dos contos maravilhosos como uso terapêutico através de reflexões e uso de desenhos, dramatizações, o desenvolvimento da leitura e escrita, proporcionarem  maior simbolização, criação, imaginação, desenvolver atenção, informação, socialização, em organização interna e externa, aprender a lidar com frustrações, podendo encontrar soluções para seus conflitos e reescrever sua própria história, ajudando-as a conhecer o mundo e a se reconhecer nele, enriquecimento do vocabulário, sentir prazer ao fazer a leitura, intervenções para o desenvolvimento pessoal, como uso preventivo auxiliando a criança na superação de sua baixa auto-estima, auxiliar a parte lúdica através de jogos e brincadeiras.

 

Psicopedagogo (d) tem várias contribuições, acredita ser a primeira partindo do diálogo, criar a oportunidade de um espaço, articulando três momentos: desconhecimento, conhecimento e desejo.

 

Psicopedagogo (e) contribui para a elaboração das angústias, a leitura como um instrumento de intervenção psicopedagógico, a leitura pode se ressignificada nesse processo de intervenção, procuro trabalhar não só os contos maravilhosos também com outras matérias como exemplo alegorias.

 

7ª QUANDO UTILIZA, O CONTO É LIDO OU CONTADO? QUANDO LÊ, QUEM FAZ A LEITURA? 

 

Psicopedagogo (a) os contos maravilhosos no início eram lidos por à partir da iniciativa de uma das crianças em ler, outras também passaram a ler.

 

Psicopedagogo (b) sempre faz a do conto maravilhoso, ele também pode ser contado oralmente, esse fato se da por se tratar de crianças que ainda não possuem leitura fluente.

 

Psicopedagogo (c) prefere fazer a leitura do conto maravilhoso, dependendo do objetivo e do momento peço  que compartilhem a leitura comigo, respeitando sempre o desejo de ler ou não do paciente.

 

Psicopedagogo (d) depende especificamente da situação no caso de intervenção, eu fiz a leitura.

 

Psicopedagogo (e) sempre faz uso da leitura, entendo como um instrumento de intervenção que pode ser feita pelo psicopedagogo ou pelo paciente eu costumo alternar.

 

8ª COMO É FEITA A ESCOLHA DO CONTO? E POR QUEM?

 

Psicopedagogo (a) no início eu fazia a escolha, no decorrer das sessões apresentei vários livros e permiti que fizessem a escolha de acordo seus gosto, e a partir de contato e da manipulação de livros levados

 

Psicopedagogo (b) não coloca regras à vezes a escolha é feita por mim ouras vezes pela criança.

 

Psicopedagogo (c) eu escolho o conto maravilhoso de acordo com a necessidade pontual do paciente, também oportunizo a ele a escolha do que gostaria de ouvir, e um ponto interessante que notei que sempre escolhem o conto que mais os aflige.

 

Psicopedagogo (d) faz a escolha com uma análise de anamnese feita com os pais e a história de vida do paciente, bem como as atividades projetivas.

 

Psicopedagogo (e) eu faço a escolha de acordo com os dados colhidos no diagnóstico. Também abro espaço para a escolha do paciente ou do grupo.

 

9ª HOUVE INCENTIVO PARA A UTILIZAÇÃO DOS CONTOS MARAVILHOSOS EM SUA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DURANTE SUA FORMAÇÃO COMO PSICOPEDAGOGO?

 

Psicopedagogo (a) sim, houve incentivo no meu curso de pós-graduação, e o que reforçou mais foi quando participei de um grupo de estudo, onde o foco de minha pesquisa foi histórias e literatura infantil.   

 

Psicopedagogo (b) durante minha formação houve um Workshop sobre contos maravilhosos.

 

Psicopedagogo (c) não houve incentivo, nem foi feito nenhum trabalho comigo relacionado a contos maravilhosos.

 

Psicopedagogo (d) sim houve incentivo apresentando a importância dos contos maravilhosos, como opção de intervenção.

 

Psicopedagogo (e) sim houve muito incentivo.

 

10ª CONTE-ME ALGUMA SITUAÇÃO SIGNIFICATIVA DE SUA CLÍNICA A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DOS CONTOS MARAVILHOSOS.  

 

Psicopedagogo (a) refere-se ao atendimento com resultados positivos, o paciente conseguiu através dos contos maravilhosos sair de uma situação de passividade e encontrar seu próprio eu.

 

Psicopedagogo (b) sua experiência foi com o resultado de um recém alfabetizado que soube detalhar minuciosamente o conto maravilhoso depois de escutar a leitura.

 

Psicopedagogo (c) sua experiência é com o desenvolvimento do processo interno de em relação à escrita e a leitura de um grupo de crianças através da narrativa dos contos maravilhosos.

 

Psicopedagogo (d) sua experiência foi através trabalhar o conto maravilhoso com escultura dos personagens em argila, o que possibilitou perceber a dificuldade de seu paciente em explorar e manusear o objeto.

 

Psicopedagogo (e) a experiência foi com a leitura compartilhada onde no início ninguém queria ler depois de certo tempo se interessaram e não houve mais falta de leitor para os contos maravilhosos.

 

11ª QUAIS OS TEMAS MAIS ACEITOS PELOS PACIENTES? CONTOS TRADICIONAIS OU CONTEMPORÂNEOS?

  

Psicopedagogo (a) percebe no atendimento que os contos maravilhosos que eles conheciam não causavam interesse se interessavam mais pelos contos que não conheciam.

 

Psicopedagogo (b) crianças menores de seis anos apreciam dos contos maravilhosos, já os com um pouco mais de idade gostam de contos contemporâneos.

 

Psicopedagogo (c) as crianças menores gostam dos clássicos contos maravilhosos, e também de contos que passam na TV, os adultos gostam dos contos maravilhosos, e dos contos que apresentam temas elaborados dentro de suas problemáticas ajudando-os a resolver.

 

Psicopedagogo (d) os pacientes gostam mais dos contos maravilhosos.

 

Psicopedagogo (e) as crianças preferem os contos maravilhosos, adolescentes os contos contemporâneos, e os adultos preferem as história de princesas dos contos maravilhosos.

 

12ª QUAL O SENTIDO DOS CONTOS MARAVILHOSOS EM SUA VIDA?

 

Psicopedagogo (a) da o significado pelo gosta pela leitura o desejo de ler obter o conhecimento do outro pela importância que ele lhe traz.

 

Psicopedagogo (b) o sentido dos contos maravilhosos em minha vida por fazer parte de minha história, e por atribuir significado a crianças.

 

Psicopedagogo (c) o conto maravilhoso traz lembranças da infância, imagens mentais do de fatos do passado, fazer uma viajem por um mundo encantado, suas implicações, memórias guardadas até hoje, um misto de sonho e realidade, história fantasia, desejo alegria.  

 

Psicopedagogo (d) passei a ter contato com os contos maravilhosos a partir da maternidade, e foi quando descobri o significado que tem no desenvolvimento infantil.

 

Psicopedagogo (e) o conto maravilhoso nos proporciona a possibilidade de sonhar em ser princesa e encontrar o príncipe encantado, nos contos minha maior atração foi Alice no País das Maravilhas, e acompanhei o mesmo processo com minhas filhas que até hoje se encantam com os vestidos das princesas como (Bela Adormecida, Branca de Neve, Cinderela).                                 

 

Conforme foi relatado à discussão dos dados levantados será feita a partir da contribuição dos autores que fundamentam o trabalho e a partir, do quadro que resume estas contribuições.

 

1-    Se as respostas dos entrevistados faz considerações a respeito da estrutura dos contos maravilhosos.

Apesar de Bettelheim em vários momentos de sua obra ter feito afirmação de que aspectos estruturais do texto são úteis para o desenvolvimento do leitor, não encontrei nas respostas dos psicopedagogos qualquer referência a este fato.

Embora todos usem o conto maravilhoso na prática clínica eles não fazem referência a este aposto.

Fica como questão saber se eles desconhecem este fato ou se as perguntas do questionário não foram específicas para tal esclarecimento. 

2-     Fazem-se referência ao conteúdo dos contos maravilhosos e sua função educativa e terapêutica. É interessante retomar que afirmam os nossos autores.

O conto maravilhoso para Bettelheim possui extrema importância na construção da identidade, como estes indivíduos se comportar de forma correta em sociedade, conflitos pertinentes à vivência humana que permeiam diversas gerações, rivalidades fraternas e sensações edípicas, o conto mobiliza os aspectos emocionais o desejo, o racional, possibilita a criança sonhar, simbolizar, valar pelo imaginário, despertar curiosidade, dominar ansiedade, elaborações de angústias e rupturas, para a criança o conto é um misto de sonho e realidade, história fantasia, desejo e alegria. Gillig em conto maravilhoso possui dimensões lúdicas, e tem significativa importância para o desenvolvimento da leitura e da escrita. Gutfreind, o conto maravilhoso além do potencial terapêutico, tem a função de divertir, como brinquedo, e também serve para que a criança consiga elaborar suas dificuldades. 

Nesta questão todos os psicopedagogos fizeram referências dos aspectos mencionados pelos autores, que foi observado e trabalhado em seus atendimentos clínicos.

3-    Fazem-se considerações à experiência e preparo prévios do psicopedagogo.

Sobre estes aspectos Gillig propõe que o psicopedagogo deve conhecer a prática de contar história, partilhar leituras, levar em conta as angústias, sugerir a criança à escolha, ter criatividade ao narrar, ter experiências prévias, ter conhecimento do conto e seu valor, adquirirem competências narrativas, Bettelheim afirma que a função consiste em facilitar a criança à descoberta de sua identidade, formação de caráter, a necessidade de um espaço para a narrativa e interpretações ao narrar.

Nesta questão o trabalho realizado com os contos maravilhosos os psicopedagogos utilizaram vários aspectos das referências citadas pelos autores.         

 

  
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

Este trabalho teve como objetivo levantar como os psicopedagogos concebem a importância do uso do conto maravilhoso na prática  Psicopedagógica.

E colocar em relevo, a partir do levantamento teórico, a importância do uso do conto maravilhoso na prática psicopedagógica.

Os dados levantados deixam transparecer que os psicopedagogos utilizam e acreditam na importância deles em sua clínica. No entanto eles não fizeram referencias à estrutura do conto maravilhoso elemento importante para sua função terapêutica e educativa. Apesar de fazerem referencia a experiências de vida prévias com incentivo para o uso do conto maravilhoso na prática psicopedagógica, nenhum dos entrevistados fez referência à importância de formação mais especializada, no uso deles.

Este foi um estudo exploratório cujos resultados não poderão ser generalizados, mas foi possível levantar que o conto maravilhoso é para o psicopedagogo um instrumento importante.

Vale à pena procurar estudar o tema de modo mais abrangente, a fim de responder questões que escaparam a trabalho.

Com efeito, o conto maravilhoso deixa de ser um mero brinquedo, uma satisfação infantil passando a fazer parte da esfera profissional. Em outras palavras, bons profissionais encontraram no conto maravilhoso a possibilidade de transcender a inércia, de poder ampliar os horizontes e fazer da Psicopedagogia uma clínica excelência no atendimento de intervenção de indivíduos com dificuldade de aprendizagem.    

      


REFERÊNCIAS

 

 

_____________. O Conto. Enciclopédia Barsa. Vol. 4. Supervisão dos editores da Encyclopédia Britannica Willian Benton, Editor. Rio Janeiro, São Paulo. 1971  

 

BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos contos de fadas. Tradução Arlene Caetano. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1980

 

CHINALLI, Miriam. D.O. LEITURA – Publicação cultural da Imprensa Oficial do Estado, ano 21 n°. 05. Trocas simbólicas entre Psicanálise e Literatura infanto-juvenil. São Paulo, D.O., maio, 2003, pp.12-19.

 

GILLIG, Jean-Marie. O Conto na Psicopedagogia. Tradução Vanise Dresh. Artmed Editora: Porto Alegre, 1999

 

GUTFREIND, Celso. O terapeuta e o Lobo. A utilização do conto na psicopedagogia da criança. Casa do Psicólogo: São Paulo, 2003

 

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Tradução Álvaro Cabral e Christiano Monteiro Oiticica. Zahae Editores: Rio de Janeiro, 1978

 

RAMOS, Arthur. Estudos de folk-lore. Liv. Ed. Casa do Estudante: Rio de Janeiro, 1951.

 

SOSA, Jesualdo. A Literatura Infantil: ensaio sobre a ética, a estética e a psicopedagogia da literatura infantil. Trad. James Amado. São Paulo: Cultrix, Ed. da Universidade de São Paulo, 1978. Capítulo IV, pp. 105-143.



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